O técnico Mano Menezes destacou a capacidade de superação do Corinthians ao conseguir derrotar o Grêmio por 1 a 0, fora de casa, neste domingo, mesmo jogando com um jogador a menos desde os nove minutos do primeiro tempo, quando Bruno Méndez foi expulso.
Assim como os jogadores e dirigentes do Corinthians, Mano expressou sua insatisfação com as decisões do árbitro Rodrigo José Pereira de Lima. Apesar de reconhecer que Bruno Méndez merecia o cartão vermelho, o treinador queria a marcação de um pênalti em Matheus Bidu no lance anterior:
– Sem dúvida, é crucial valorizar a vitória, especialmente no momento delicado que atravessamos. Os jogos têm sido bastante desafiadores, observamos isso nos confrontos dos nossos adversários no campeonato, onde pequenos detalhes fazem a diferença. Preciso elogiar a postura, o empenho, não apenas para conquistar a vitória com um jogador a menos, mas também para segurar o resultado depois. É importante destacar que começamos o jogo em igualdade numérica e já havíamos ameaçado o gol duas vezes antes do pênalti não assinalado. A não marcação desse pênalti provavelmente resultou na expulsão de Bruno. A entrada foi claramente passível de cartão vermelho, mas se o pênalti fosse marcado, a situação não teria ocorrido. E, é claro, isso influenciou no jogo, tanto que, posteriormente, com 10 contra 10, voltamos a criar oportunidades de gol – opinou Mano Menezes.
– Se o jogo tivesse sido disputado com ambas as equipes completas, teria sido muito bem jogado. O Grêmio possui uma equipe de qualidade, mas nas últimas partidas temos demonstrado um desempenho superior. Eu acreditava firmemente que a equipe se sairia bem ao longo dos 90 minutos hoje. Foi uma vitória baseada na superação diante das circunstâncias do jogo, tornando-a mais dramática – completou.
Com esse resultado, o Corinthians alcançou 44 pontos e se afastou da zona de rebaixamento, faltando quatro rodadas para o término do Brasileirão. No entanto, Mano Menezes faz um alerta:
– Ainda não podemos planejar 2024, pois, se a meta é atingir 45 ou 46 pontos, ainda não alcançamos. Não podemos baixar a guarda. O próximo jogo é contra o Bahia, uma equipe que está na mesma faixa de pontuação que nós. Vamos utilizar essa vitória para ganhar confiança e resolver essa situação o mais rápido possível. Depois disso, poderemos pensar no futuro.
O Corinthians voltará a jogar apenas daqui a duas semanas, devido à pausa para a data FIFA. O próximo compromisso alvinegro está marcado para o dia 25, contra o Bahia, na Neo Química Arena.
Confira outras declarações do técnico do Corinthians:
Estratégia – Optamos por uma linha de três, embora por pouco tempo, deu para perceber. Fagner e Bidu atuariam como alas. Não foi possível testar por muito tempo, mas a equipe já havia utilizado essa formação de linha de três anteriormente. Não tínhamos jogado com a formação de meio-campo que utilizamos hoje: um volante, dois meias e dois homens de velocidade. Precisávamos explorar as costas dos laterais adversários, organizar o jogo pelo centro e explorar as costas. Essa era a estratégia. Temos que evoluir, mas podemos considerar a utilização da linha de três. Não tenho nenhum preconceito em relação a isso. O que importa é sempre o que for melhor para a equipe.
Romero – O futebol é implacável, pois raramente reconhece os méritos de alguém. Você pode contribuir muito para o clube, mas, em determinado momento, as pessoas esquecem. Romero sempre foi esse tipo de jogador no Corinthians: dedicado, sempre fazendo gols. Não é um goleador, mas sempre contribui com dez ou doze gols, o que é muito útil. Para alcançar 100 gols na temporada, precisamos de jogadores auxiliares, e Romero é um bom auxiliar. Hoje ele esteve perfeito na recuperação e muito bem quando estávamos com um jogador a menos. O Grêmio fez muitos cruzamentos na área, e isso destaca o quão eficiente foi nossa marcação: preenchendo os espaços com os volantes, que foram brilhantes na cobertura diante da área. Todos estão de parabéns.
Escalação – Tínhamos oito jogadores pendurados com dois cartões amarelos. Ao posicionar jogadores em determinadas funções, não conseguimos obter o rendimento desejado, pois estavam pendurados. A escolha foi um pouco influenciada por isso, pois sabíamos que a equipe precisava competir sem se descuidar na marcação. Com a linha de três, não seria necessário ter dois volantes, então essa foi a opção. Bidu é um ala, já jogou nessa posição, e sabíamos que ele tinha experiência para usar sua velocidade. Se tivéssemos 11 contra 11, essa estratégia teria funcionado melhor, mas veremos mais adiante.
Defesa – A concepção inicial do esquema tático visava resolver essa questão e proporcionar amplitude para não dar espaço ao adversário, como ocorreu contra o Atlético. Demonstramos uma melhoria nesse aspecto, que certamente seria mais eficaz em um cenário de 11 contra 11. Contudo, mesmo com quatro jogadores na linha defensiva, obtivemos sucesso. Se analisarmos detalhadamente, Romero também desempenhou o papel de quinto jogador pelo lado. As dinâmicas dos jogos foram distintas: em casa, enfrentamos situações de ataque e desorganização. Quando ficamos com um jogador a menos, sabemos que precisaremos nos defender, e a equipe se comportou de maneira adequada. A entrada de mais jogadores do Grêmio no setor ofensivo contribuiu para definir a marcação, atendendo exatamente ao que desejávamos naquele momento: cada jogador marcando seu oponente. No confronto contra o Atlético-MG, a preferência deles pela superioridade pelo lado fez com que a dinâmica da partida fosse diferente. Aqui, foi um exemplo notável de superação, elogiável pela atitude dos jogadores. Nenhum atleta apresentou sinais de fadiga total. Em uma partida como essa, conseguimos encerrar com todos os jogadores completos, resultado do trabalho, dedicação deles e da intenção de aprimoramento, o que é crucial.
Perspectivas – Quando nos encontramos nesta posição, não podemos esperar uma mudança rápida, pois a situação pode se reverter rapidamente. Nossa prioridade é lidar com isso primeiro, sair das últimas posições. A equipe já está mostrando progresso, o que é o mais crucial. Já tivemos jogos nos quais desempenhamos bem em parte da partida, agora é uma questão de ajustar para que a equipe termine os jogos mais consistente, o que é essencial. Possuímos muitos jogadores de qualidade que estavam subutilizados na complexidade em que estávamos envolvidos.
Árbitro – A arbitragem teve um início desfavorável. Ao deixar de assinalar um pênalti unânime e outras decisões durante o jogo, logo ficamos com dez jogadores. Isso cria uma dinâmica diferente no jogo: uma equipe que também queria jogar precisa segurar o jogo, a bola, o que adiciona outros elementos à partida. Não presenciei o lance ao qual Renato se refere, mas em comparação com o nosso, deve ter sido menos significativo. No entanto, concedo a todos o direito de reclamar; quando sou prejudicado, também expresso minha insatisfação. Precisamos buscar uma maior integração das coisas, com maior transparência e lisura, para não nos sentirmos prejudicados e evitarmos discussões que não têm relação com o jogo. Ouvi um torcedor atrás de mim mencionar que no primeiro turno houve um pênalti claro para o Grêmio, mas eu não estava presente, não tenho conhecimento disso. Não podemos compensar as coisas.
Grêmio – Não abrigo nenhum sentimento especial de prejudicar o Grêmio. Não viemos com esse propósito; viemos defender nossos interesses, e tínhamos muitos a serem defendidos. Não estamos competindo no mesmo campeonato, como mencionei no início do jogo. Precisamos compreender o que estamos enfrentando, o que é tão importante quanto. Quem já esteve nas últimas posições na tabela sabe como é, como cada ponto é valioso e deve ser reconhecido. Foi isso que viemos fazer aqui. Nunca me envolvi em manipulações e não será desta vez.
Objetivos na data Fifa – Manter um padrão, pois nos jogos que mencionei, tivemos um período positivo, mas depois oscilamos. Não é fácil manter esse desempenho ao longo de uma competição tão desafiadora como a nossa, na qual precisamos conquistar pontos. O ano e o tempo tornam-se difíceis para o torcedor, que começa a perder a paciência. Quando cheguei em 2008, o torcedor do Corinthians era muito ansioso. Tocar a bola era motivo de irritação, queriam que atacássemos imediatamente, pois era um período difícil. E esse sempre é o pior caminho. O Corinthians tornou-se vencedor, e o torcedor foi se acalmando: sabia que venceríamos, mesmo que fosse por 1 a 0. Ele se acalmou nas arquibancadas. Quando não temos um time estruturado, o torcedor se apressa, é como empurrar para o abismo. O jogo não tem qualidade para acelerar, começamos a cometer erros. Precisamos recuperar essa serenidade do torcedor corintiano, entender que as coisas se encaixarão. Quando estiver difícil, venceremos por 1 a 0, isso é benéfico. Temos limitações, não podemos nos contentar, podemos compreender que estamos passando por dificuldades, mas não devemos aceitar isso.
Reservas – A entrada dos jogadores hoje foi muito importante. Nos jogos anteriores, os substitutos mal conseguiam manter o nível dos titulares. Os jogadores que entraram desempenharam bem suas funções. Estamos ganhando confiança com todos, mantendo nossas ideias. Isso é o que faremos, sem rigidez entre os mais jovens e os mais experientes. O essencial é o desempenho.